The
Nautical
Archaeology
Digital Library

Livro Primeiro de Arquitectura Naval

Title: Livro Primeiro de Arquitectura Naval 

Author:  João Baptista Lavanha

Year:  Written c. 1600, published between 1608 and 1615

Country: Portugal

Description:

Owner: Biblioteca de la Real Academia de Historia, Madrid, Spain

Call No.:  Col. Salazar y Castro; COD. 63; Fls. 41-78

Notes:
Published in Facsimile: Lavanha, João Baptista, Livro Primeiro de Arquitectura Naval, Fac-simile, transcription and translation into English, Lisboa: Academia de Marinha, 1996.

Introduction

The Livro Primeiro de Arquitectura Naval has been dated between 1608 and 1615, and is generally considered to have been written around 1600 by João Baptista Lavanha, the Chief Engineer and Chief Cosmographer of the kingdom of Portugal at that time. It is the theoretical work of a scholar, and not a practical text of a shipwright. It deals only with one type of vessel: the four decked nau for the India Route. It is clearly more modern than Oliveira’s Liuro da Fabrica das Naus, basing the construction of hulls on paper drawings. Nevertheless, Lavanha calls for the need to pre-design a central portion of the hull, although only for five frames forward and abaft the midship section. The importance of this treatise lies in its accurate description of construction techniques, and in its detailed illustrations. It is incomplete, ending abruptly in the beginning of a description of the drawing of plans.

The Author

João Baptista Lavanha was born sometime in the middle of the 16th century, before 1555, probably in Lisbon.  He was the mathematics teacher for King Sebastian of Portugal and, after the unification of the Portuguese and Spanish crowns, also of Kings Filipe II, III and IV.  In 1582, two years after Filipe II entered Lisbon as the new king of Portugal, Lavanha was appointed as a lecturer at the newly formed Academy of Mathematics in Madrid, with a comfortable salary. His responsibilities included matters of cosmography, geography, and topography.  Given the global reach of the Spanish and Portuguese empires, the king urgently wanted more and better cosmographers. This triggered the translation of some of the most important classical works on cosmography and mathematics into the Spanish language.  Lavanha wrote his nautical works in a period of reorganization of all naval affairs in the Peninsula, and of profound and well-advised change in both Spanish and Portuguese shipbuilding industry. 

Content

Images from Vacas, T., Fonseca N., Santos, T., Castro, F., “The Nau from Lavanha’s Manuscript”, Nautical Research Journal (2010) 55.1: 25-36.

Method for Designing the Longitudinal Structure

[metaslider id=5355 cssclass=””]

Method for Designing the Lateral Structure

[metaslider id=5598 cssclass=””]

Original Illustrations

Graminhos for 15 Frames

Treatise - Livro primeira (Graminho)

Ship PartDescriptionPage Number
Bow and Stern• método gráfico:
a) desenha-se a 1ª Armadoura em perfil cinta de pau c/ ½ pg de lado e 4 dedos de grosso, desde o Delgado da Popa até ao da Proa, passando por todos os côvados, ficando os traços dos côvados pela face de cima da Armadoura
b) desenham-se as 1as Armadoras em planta com pontos notáveis Cv mestra; Almogamas; início do Couce de Proa 2/3 da largura das Almogamas; início dos Enchimentos Cerrados da Popa 2/4 da largura das Almogamas; no início das Picas 0; entre o início das Picas e o Cadaste uma linha recta
c) desenha-se a 2ª Armadoura de perfil, passando abaixo dos dentes dos braços das Cavernas de Conta 2 pg e paralela à 1ª
d) desenha-se a planta da 2ª Armadoura, que é a planta da 1ª Coberta
57-63
Bottom• tem 15 cvs de cada lado da cv mestra (Lavanha chama-lhes Cavernas de Conta)
• (para Oliveira é o espaço entre as almogamas)
61
Master Frame• posição:
a) não definida
• comentários:
a) o fundo recto c/ pé
• número: 3
• secção: não definida
• traçado: não definido, excepto o Pé = 1 polegada (não especificada)
• entremichas: de cada lado da Quilha, c/ a mesma secção, ligadas a ela
62
Tail Frames• são as cv dos topos do fundo62
Total Rising• é o valor da subida total dos graminhos (Lavanha não usa o termo):
a) para a Popa = 3 ½ pg
b) para a Proa = a pv
62
Rising Scale• não especifica o método, diz só que a Compartida é repartida com diminuição
Total Narrowing• as Compartidas são iguais p/ a Proa e para a Popa = 2/5 x ½ do fundo da Cvmestra61
Narrowing Scale• diz só que a Compartida é repartida com diminuição61
Espalhamento• abrem os braços da 6ª caverna a vante e à ré
• 1/6 da caverna (não especifica se a 6ª ou a mestra)
• Saltarelha (régua) com 9 pontos, calculados com diminuição
62

Scantling List for a Nau of 4 Cobertas

Treatise - Livro Primeiro du Archetectura Naval

Ship PartDescriptionPage
Quilha• 1 unidade = Q
• nau de 4 cobertas Q = 17 ½ rumos (105 palmos de goa)
• um palmo de largo e tudo o mais de palmo que puderem ter de alto, para o alefriz
• de sobro, mesmo que haja um pau inteiro p/ quilha e couces, deve-se fazer com paus menores, ligados com escarvas lavadas verticais pregadas com pregos anielados
,34, 43, 44
Boca• boca máxima a meia altura da 3ª coberta
• 1/3 do comp. de eslora à eslora (Esloria) 162/3 = 54 pg
• Esloria = Q + Roda + Cadaste + lançamento da 1ª abóbada (1/3 do Gio, q. é ½ da Largura)
                = 105 + 35 + 12 + (1/3 x 27) = 162 [no livro 105 + 35 + 12 = 153!]
36
Pontal• suponho que seja o pontal da face superior da quilha à face superior do convés
• é calculado somando as alturas do porão e cobertas com as grossuras das madeiras
• Porão = 2Q/15 = 14 pg; Cobertas = Q/15 = 7 pg; Caverna = 1pg; Madeiras = 2/3 pg
• 1 + 14 + 2/3 + 7 + 2/3 + 7 + 2/3 + 7 + 2/3 = 37 2/3 pg
• no Livro só se desenha até à Boca máx., i.e., 34 ½
36, 37
Roda• da mesma madeira e secção que a quilha (sobro) • lança 1/3 de Q = 52 ½ pg
• levanta ½ de Q = 35 pg (mais o capelo: 35 + 8 ¾ = 43 ¾ pg)
• é uma arco de círculo ñ tangente à quilha
• tem um capelo de altura 1/6 x Q/2 = 8 ¾ pg
• também é um arco de círculo ñ tg. à Roda
26, 35
Cadaste• da mesma madeira que a quilha (sobro)
• levanta 2/5 Q = 42 pg
• lança 2/7 da sua altura, i.e., 2/7 x 42 = 12 pg
• da largura da Quilha, se fôr de de vários paus, escarvas horizontais
• o alefriz muda para for a no painel de popa
26, 35, 38, 46
Painel de popa• Gio: ½ da largura máx. → 54/2 = 27 pg
• Delgado da popa: ½ do lançamento da Roda → 52 ½ / 2 = 17 ½ pg
• Revesados: 2 arc.círc. inscrevendo quadrados de lado = ½ (Cadaste – Delgado) = 12 ¼ pg • secções do Cadaste e Revesados: 1 pg de altura e o mais q. puderem de largura
• Revesados ligados por escarvas horizontais
• entre os Revesados e o Cadaste põem-se as Porcas, de 1 pg de altura, com orelhas p/ pregar nos Revesados e um encaixe para pregar no cadaste (podem ser de vários paus, c/ esc. vert.)
• na base do Painel ficam 2 ou 3 Porcas maciças, formando o Porquete
• sobre o gio arma-se uma grade de 7 pg de altura, 27 de base e 25 de topo:
a) a base é o Gio
b) a meia altura tem a Barra, de pinho manso, de secção Y c/ 1pv de lado, curva, assentando nos lados da grade a 3 pg de altura e com 4 pg de altura a maio vão
c) entre o Gio e a Barra põem-se 8 Barrotes verticais, c/ a secção da Barra
d) o vão entre os dois Barrotes do meio chama-se Almeida
38, 41, 47-49
Gio• de três paus:
a) 1de secção Y de 1 pg de lado, alargada na zona de ligação c/ o cadaste
b) 2 curvas nas pontas, fazendo os lados da grade, com escarvas dentadas verticais para o gio e escarvas lavadas horizontais para os paus da grade
• perfeitamente horizontal
• a face exterior à face com o alefriz do cadaste
47-49
Couce da Popa• de um pau escolhido com cuidado
• mesma largura da Quilha
• ligado ao cadaste com uma escarva horizontal
• Patilha 2 ou 3 pg a contar do canto dos alefrizes da Quilha e do Cadaste
40, 44
Couce da Proa• de um pau inteiriço
• com a mesma largura que a Quilha (mais alto- fig. 12)
• ligado à roda com uma escarva vertical
41, 46
Coral do cadaste• secção trapezóidal, a base da largura da quilha, o topo um pouco mais, a altura 1 ½ pg
• desde a Chumaceira do Cadaste até ao 1º Enchimento Cerrado
• Picas emmechadas e pregadas
59
Coral da Roda• secção trapezóidal, a base da largura da quilha, o topo um pouco mais, a altura1 ½ pg • metade do Delgado da Proa (espaço da Almogama à Roda) e toda a Roda • as escarvas desencontradas das da Quilha e Roda, mesmo se tiver de começar antes do meio do comp. do Delgado59
Sobrequilha• não é referida
Fundo• tem 5 cvs de cada lado da cv mestra (Lavanha chama-lhes Cavernas de Conta)
• (para Oliveira é o espaço entre as almogamas)
50
Caverna mestra• posição:
a) no terço da Quilha, contado do Couce da Proa
• comentários:
a) o fundo recto c/ pé (o termo ‘pé’ na p. 62)
b) os braços e aposturas circ. c/ centros , ñ tg
• número: 1
• secção: Y c/ 1 palmo de goa de lado
• traçado:
a) largura máx: a meia altura na 3ª coberta, 54 pg
b) base: 2/5 x da largura máxima
c) Braço: arc. círc. até à 2ª coberta, cuja largura é 52 pg
d) 1ª e 2 ª Aposturas: arc. círc. do Braço, ñ tg.
e) Côvados: pontos de intersecção da linha da face superior da base da cv c/ a linha da face inferior dos Braços; a intersecção é arredondada numa extensão de 4 pg p/ cada lado
f) Pé: 2.5 dedos de vara
• entremichas: de cada lado da Quilha, c/ a mesma secção, ligadas a ela
36-38, 50, 56, 57
Almogamas• são as cv dos topos do fundo50
Par• não é referido
• 1Cv = 1 vão = 1 Enchimento = 1 Picas
59
Compartida, alturas• é o valor da subida total dos graminhos (Lavanha não usa o termo): 5 dedos de vara
• os graminhos de popa e proa são iguais
50, 53
Graminhos, alturas• pelo método da “besta” → sen 90º / 5 x Compartida;
• a cv mestra não é numerada
52, 53
Delgado da popa• dist. da almogama de popa à base do cadaste
• altura: ½ do lançamento da Roda → 52 ½ / 2 = 17 ½ pg
• leva:
a) no 1º terço – Enchimentos Abertos
b) no 2º terço – Enchimentos Cerrados na 1ª metade e Picas na 2ª
c) no 3º terço – Picas
• Regel: parte que leva picas: 2/3 x 2/3 → últimos 4/9 do Delgado da popa
• entre as Picas amaciça-se com outros paus
• no cadaste as Picas são inclinadas (?)
38, 58, 59
Delgado da proa• dist. da almogama de proa à roda
• altura: metade do Delgado da popa, i.e., ¼ do lançamento da Roda → 52 ½ / 4 = 8 ¾ pg
• leva:
a) nos 1os 2 terços – Enchimentos Abertos
b) no 3º terço – Enchimentos Cerrados
58
Compartida, fundo• é o mesmo que o das alturas (as Compartidas são iguais)53-54
Graminhos, fundo• é o mesmo que o das alturas (as Compartidas são iguais)53-54
Espalhamento• só nas 5 cavernas da proa
• Lavanha ainda não usa este nome e diz que (marcando o graminho no braço) não é preciso Saltarelha
• é o mesmo graminho
• marca-se a partir da linha do côvado para cima
54
Marcas• nas cavernas:
a) eixo
b) astilhas
c) côvados
d) números
52-53
Escarvas (rabo de minhoto)• Lavanha usa a expressão
• as Cavernas, Braços e 1as Aposturas ligam-se no chão com umas emmoçaduras
47-55
Dentes• Lavanha o termo
• nas Cavernas, Braços e Aposturas deixam-se dentes ao nivel das cobertas
40-41, 55
Proa e Popa• método gráfico:
a) desenha-se a 1ª Armadoura em perfil → cinta de pau c/ ½ pg de lado e 4 dedos de grosso, desde o Delgado da Popa até ao da Proa, passando por todos os côvados, ficando os traços dos côvados pela face de cima da Armadoura
b) desenham-se as 1as Armadoras em planta com pontos notáveis → Cv mestra; Almogamas; início do Couce de Proa 2/3 da largura das Almogamas; início dos Enchimentos Cerrados da Popa 2/4 da largura das Almogamas; no início das Picas 0; entre o início das Picas e o Cadaste uma linha recta
c) desenha-se a 2ª Armadoura de perfil, passando abaixo dos dentes dos braços das Cavernas de Conta 2 pg e paralela à 1ª
d) desenha-se a planta da 2ª Armadoura, que é a planta da 1ª Coberta
57-63

Referenced In

Artur, António Paulo Ubieto (1991). “Aportações à Biografia de João Baptista Lavanha.” Separata da Revista da Universidade de Coimbra 36: 395–408.

Barata, João da Gama Pimentel, O «Livro Primeiro da Architectura Naval», de João Baptista Lavanha. Estudo e transcrição do mais notável manuscrito de construção naval portuguesa do final do século XVI e princípio do século XVII, Lisboa, Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, 1965.

Canas, António Costa (2011). “A obra náutica de João Baptista Lavanha (c.1550–1624).” Ph.D. diss. University of Lisbon (Portugal).

Coates, John (1994). “The naval architecture of European oared ships”, Transactions of the Royal Institution of Naval Architects 136-Part B: 175–187.

Domingues, Francisco Contente (1994). “Lavanha, João Baptista.” Dicionário de História dos Descobrimentos, Albuquerque, Luis de (dir), Coord. Francisco Contente Domingues, 2 vols., Lisboa, Circulo de Leitores/Caminho, pp.586–588.

–“João Baptista Lavanha e o Livro Primeiro de Architectura Naval”, Os Navios do Mar Oceano. Teoria e empiria na arquitectura naval portuguesa dos séculos XVI e XVII, Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa, 2004, pp. 107-157.

Esteves, Carina Raquel Antunes (2011). “O Livro Primeiro de Architectura Naval de João Baptista Lavanha e a arquitectura naval ibérica no final do século XVI, princípios do XVII, O perfil do arquitecto naval.” M.A. diss. University of Lisbon (Portugal).

Vacas, T., Fonseca N., Santos, T., Castro, F., “The Nau from Lavanha’s Manuscript”, Nautical Research Journal (2010) 55.1: 25-36.

Valente, José Carlos Costa, “Mentalidade Técnica no Livro Primeiro de Architectura Naval de João Baptista Lavanha (c. 1600-1620)”, Mare Liberum, n.º 10, Lisboa, 1995 [1996], pp. 597-606.

Viterbo, Francisco Marques de Sousa (1898–1900). “Lavanha”. Trabalhos Náuticos dos Portugueses nos séculos XVI e XVII, Academia Real das Sciencias: p.I, 171–183; p.II, 20–208.

Return to list of treatises: (By Year) (By Country)