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Caravela 11 Rumos

Transcription Francisco Contente Domingues.

Conta e medida pera hu~a Carauela onze rumos desquadria a esquadria.

Terà a roda de proa vinte e hum palmo atè o escoues, e dahy pera ribera tera quatro palmos, e terà de lançamento dezasete palmos, terà o codaste vinte e dous palmos, terà sete palmos e meo de lançamento, terà noue palmos de gio, quando tirarem as formas no chão em altura de vinte e hum palmo medidos pella esquadria dareis de bocca na forma vinte e cinco palmos rodarão o braço e a cauerna, e apostura com a altura que tiuer do couado a maior largura que he adonde refere os vinte e cinco palmos, arepiara o couado hum terço daltura da madeira, e virà o rol referindo pellos pontos os quaes vem a saber os vinte e cinco palmos, e os vinte e quatro he o arepiamento do couado, ficarà a forma perfeita na primeira cuberta terà vinte e quatro palmos, de largura tera outo palmos de couado a couado, terà de pontal noue palmos, terà a segunda cuberta seis palmos dalto repartirão a forma que tiuer do couado a quilha em quatro partes tomarão h~ua dellas pera compartir a madeira, e porão dez pontos na forma galiuarão vinte Cauernas tres por hu~ ponto quando quizeres assentar a Cauerna mestra faràs o meo a quilha, e botaras tres palmos pera proa, e ahi assentaràs a Cauerna mestra, e h~ua dum ponto a re, e outra auante a grossura da madeira serà de dous terços de palmo daràs despalhamento pera re, e pera auante de modo que quando chegares as almogamas que fique a ponta do braço por fora da forma, e isto du~a banda, e da outra, o graminho de popa tera dalto duas alturas de madeira poreis nelle des pontos multiplicando debaixo pera riba, o graminho de proa terà h~ua altura da madeira compartirão nelle outros dez pontos compartidos pello modo de popa, tem de delgado noue pontos digo palmos atee onde ha de assentar o pee manco quando quizerdes fazer o pee manco galiuarão pella forma do braço virando o couado pera cima a primeira sinta pregarà na roda de proa, em altura de quinze palmos medidos polla roda, e daly [fl. 16v] pera riba meterão seis sintas que he atee aonde està o ponto de vinte e hum palmo, tera a sinta meo palmo de largo, e hum terço de groço, e no meo em altura de noue palmos, e na popa em altura de dezaseis palmos esforcados, abobada de popa terà dalto sete palmos, e de lançamento seis palmos, a valiza que vay assentar sobre o gio em altura dos sete palmos caye pera dentro palmo e meo por banda, a escotilha grande que vay auante do mastro na primeira cuberta medindo do pee do mastro pera proa outo palmos terà de fixo sete palmos e meo pera a bocca da escotilha terà de largo cinco palmos na cuberta de sima medindo do pee do masto tres palmos, e ahy assentarão a lata que fique o prumo com a escotilha de baixo, e lembro que a Carlinga do masto serà assentada no meo da quilha, e quando fizerem a casa do mastro aprumarão na primeira cuberta de maneira que fique a grossura do mastro toda pera a proa, e na cuberta de cima aprumando com o prumo de baixo caira o mastro quatro palmos pera proa na altura das duas cubertas, o mastro da mizena medirão quanto tem de Carlinga do mastro grande pera popa repartirão em duas partes, e ahy assentarão a carlinga da mezena.

References

Fonte

Livro de Traças de Carpintaria, BA, cod. 52-XIV-21, fls. 16-16v.

Publicação

1934 – FONSECA, Henrique Quirino da, A Caravela Portuguesa e a Prioridade Técnica das Navegações Henriquinas, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1934. Reedição: 2 vols., Lisboa, Ministério da Marinha, 1978, vol. I, pp. 270-271.

1995 – BRANCO, José Nogueira Rodrigues, A caravela de onze rumos do Livro de Traças da [sic] Carpintaria, sep. de 6ªs. Jornadas  Técnicas  de  Engenharia  Naval.  A  Indústria  Naval Portuguesa no Contexto Europeu – Passado, Presente e Perspectivas Futuras, s.l. [Lisboa], p. 1.37.

1995 – Livro de Traças de Carpintaria por Manoel Fernandez. Transcrição e Tradução em Inglês, Lisboa, Academia de Marinha, pp. 46-47.

2000 – Domingues, Francisco Contente, Os navios da expansão, Dissertacao de doutoramento em Historia da Expansão Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, preparada sob a orientacao do Professor Doutor Antônio Dias Farinha, Lisbon, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

2004 – Francisco Contente Domingues, Os navios do mar oceano, Lisbon, Centro de História dos Descobrimentos.